A usina administrada pela Cooperativa Agroindustrial dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf-Timbaúba) pagou R$ 1,2 milhão em crédito de descarbonização (CBios) aos fornecedores de cana-de-açúcar na quinta-feira (2). O pagamento ocorreu pelo etanol anidro produzido. Na safra que está acabando, a empresa processou 800 mil toneladas da matéria-prima.
O montante pago representa 100% dos CBios emitidos através da fabricação do etanol. “O valor poderia ser maior se o anidro produzido na usina estivesse certificado no RenovaBio pela ANP há mais tempo, como o etanol hidratado, este pouco produzido devido ao baixo preço no mercado consumidor”, explica o presidente da Coaf Timbaúba, Alexandre Andrade Lima. Anidro é o etanol que é adicionado à gasolina e hidratado é o que é colocado nos veículos flex.
A usina fabricou 10,7 milhões de litros de álcool anidro, 1 milhão de litros de álcool hidratado, 21 milhões de litros de cachaça e 1,03 milhão de sacos de açúcar de 50 kg. A empresa deu preferência à fabricação de açúcar por causa do bom preço do produto no mercado internacional. A produção de açúcar não gera CBios.
Os créditos de descarbonização (CBios) são emitidos dentro da Lei do RenovaBio e para isso precisam ter a certificação e a aprovação da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O que determina os valores a serem recebidos é a lei do RenovaBio que estabelece vários critérios para definir o valor. Quem banca o pagamento dos CBios são as distribuidoras de combustível, que repassam os recursos aos produtores.
A remuneração dos produtores para receber os CBios leva em conta quem emite mais dióxido de carbono no seu processo produtivo. Quem emite menos CO₂, recebe uma nota maior e ganha mais pelos créditos de descarbonização.
Liderada por Alexandre Andrade Lima, a Coaf terminou a safra, em Timbaúba, processando mais de 800 mil toneladas de cana-de-açúcar e com mais de 1,7 mil cooperados, gerando cerca de 5 mil empregos diretos durante a safra.
A Coaf Timbaúba foi a primeira usina a implantar o modelo de gestão por cooperativa na antiga Usina Cruangi, em Timbaúba, na safra 2015/16. A segunda foi a CoafSul em Ribeirão, que está à frente da gestão da Usina Estreliana, desde a safra 2020/21, segundo informações da Associação dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco (AFCP). Mesmo com os nomes quase homônimos, cada Coaf tem sua gestão independente e, em sua maioria, um grupo de canavieiros cooperados diferentes.
Projeto de lei dos créditos de descarbonização
Na Câmara dos Deputados está tramitando o Projeto de Lei (PL) 3.149 que vai obrigar as empresas a pagarem os créditos de descarbonização para os “produtores independentes de matéria-prima destinada à produção de biocombustível”. Este assunto está em discussão. No País, o etanol é fabricado a partir da cana-de-açúcar e do milho.
Relator do PL, o deputado federal Benes Leocádio (União Brasil-RN) defende que seja pago pelo menos 80% de CBios, proposta que conta com o apoio da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) e de demais entidades dos setores de biomassas dos biocombustíveis.
*Com informações da Coaf Timbaúba