Trajetória de Mário Pedrosa: ativista político natural de Timbaúba

Mário Xavier de Andrade Pedrosa foi um extraordinário intelectual e ativista político que se destacou como criador da moderna crítica de arte brasileira. Entre as décadas de 1940 e 1960 publicou “Arte, Necessidade Vital” (1949), “Panorama da Pintura Moderna” (1952) e “Dimensões da Arte” (1964), entre outras obras. Após o golpe de 1964, publicou os dois livros que o consagrariam como pensador da formação histórica do Brasil: “A Opção Brasileira” e “A Opção Imperialista”, ambos em 1966.
Pedrosa nasceu em 1900, no município de Timbaúba (PE), numa família de senhores de engenho cujos membros haviam migrado para vida pública. Em 1923 graduou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.
Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB) em 1926 e foi indicado para o curso de formação de militantes em Moscou. Na escala em Berlim, porém, inteirou-se do confronto entre Stálin e Trótski e desistiu do curso, aliando-se aos trotskistas. Em Paris, aproximou-se também dos surrealistas, inclusive de André Breton.
De volta ao Brasil, em 1929, passou a combater o stalinismo: engajou-
-se na Frente Única Antifascista e feriu-se no confronto com os integralistas. Perseguido pelo Estado Novo, voltou à França — desta vez como exilado — e lá participou ativamente da criação da 4ª Internacional. Com a redemocratização, voltou ao Brasil e militou na Esquerda Democrática, que daria origem ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Afastado do trotskismo, passou a divulgar o ideário político de Rosa de Luxemburgo.
Nessa fase, Pedrosa consolidou-se como crítico de arte e pensador da estética. Incentivou movimentos de vanguarda, como o concretismo e a poesia concreta, tornando-se, mais tarde, mentor do neoconcretismo. Atuava como curador de exposições e bienais, produzia catálogos de arte, participava de debates e atuava na imprensa. Escreveu para o “Correio da Manhã”, a “Tribuna da Imprensa” e a “Folha de S.Paulo”; no “Jornal do Brasil”, criou a coluna de artes plásticas do Caderno B, em 1957. Fugia dos alinhamentos automáticos tanto na política como na arte. Defendia uma produção artística que aliasse o específico do Brasil com o universal das vanguardas internacionais.
Após o golpe de 1964, exilou-se no Chile, onde dirigiu o Museu da Solidariedade. Aproximou ex-guerrilheiros brasileiros ali exilados do teórico trotskista argentino Nahuel Moreno, o que deu origem à organização Liga Operária, embrião da Convergência Socialista, um dos grupos que participariam, anos depois, da criação do Partido dos Trabalhadores (PT). Voltou ao Brasil em 1977 e engajou-se na criação do PT, em 1980. Morreu no Rio de Janeiro, em 1981, aos 81 anos.


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