Timbaúba: Sindicância do Cremepe investiga mortes de mulheres após partos em maternidade

 Uma sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) está investigando as circunstâncias de mortes de mulheres ocorridas após partos, em um intervalo de dois dias, em uma unidade de saúde de Timbaúba, na Zona da Mata Norte. Os dois óbitos ocorreram na quarta (28) e na sexta (30), na Maternidade Dr. Tito Ferraz, que fica no Hospital dr. Ferreira Lima.

                                  

Por causa das mortes, a unidade teve serviços suspensos por tempo indeterminado pela prefeitura. A medida foi anunciada no sábado (1º). Timbaúba fica a 100 quilômetros do Recife e tem pouco mais de 53 mil habitantes.

A Maternidade é particular e foi inaugurada há 50 anos. Por causa de um convênio com a prefeitura, passou a fazer partos para a rede pública, mas, há cinco anos, parou de atender pacientes do SUS. Na quarta-feira (28), houve a retomada da parceria.

                                                         

 

Foi justamente na quarta que ocorreu a primeira morte. A família da vendedora Amanda Lorraine Gonçalves de Lima afirmou que houve negligência e denunciou que, por seis horas, a paciente ficou sem atendimento médico, até sofrer convulsões. A Polícia Civil está investigando o caso .

Na sexta (30), ocorreu a segunda morte, a da dona de casa Amanda Ramos de Melo, de 34 anos. De acordo com a família, ela passou por uma cesariana, teve hemorragia e paradas cardiorrespiratórias.

 

Nesta segunda, uma equipe do Cremepe esteve na maternidade para fazer uma vistoria. A entidade instaurou uma sindicância “ex-ofício”, que é quando a investigação é feita sem a necessidade de uma denúncia formal feita por uma pessoa ou entidade.

A equipe de fiscalização do Cremepe foi formada pelo médico fiscal, Sylvio Vasconcellos, e pelo segundo vice-presidente, Pedro Passos.

Primeiro secretário do Cremepe, o médico André Dubeux informou que, em um primeiro momento, chamou a atenção um possível problema de falta de recursos humanos.

“Para funcionar, uma maternidade deve ter, no mínimo, um neonatologista, dois obstetras e um anestesista. Pelas primeiras informações coletadas, essa unidade não teria esses profissionais e o responsável residiria em uma cidade da região”, afirmou

 

Além da questão de recursos humanos, outro problema chamou a atenção do Cremepe. “Nós não recebemos oficialmente a informação de que o hospital contava com uma maternidade estava realizando partos”, disse o médico.

Depois a da vistoria desta segunda, o Cremepe terá 180 dias para finalizar a sindicância e elaborar o relatório final. “Nós vamos avaliar a questão dos procedimentos da equipe e também a estrutura da unidade”, disse o primeiro secretário da entidade.

Caso fiquem configurados problemas da maternidade, o Cremepe pode até fazer uma interdição ética, quando as atividades dos profissionais ficam suspensas.

“Também pode haver a punição para os responsáveis pela unidade de saúde, que vão de advertência até a cassação do registro profissional”, acrescentou.

Também nesta segunda, a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) realizou uma inspeção na maternidade. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, não foram detectados problemas na estrutura da unidade.



Procurada pelo G1, a assessoria de comunicação da prefeitura de Timbaúba, enviou um vídeo para se posicionar a respeito da sindicância.

A secretária de Saúde do município de Timbaúba, Marileide Rosendo, afirma que recebeu os órgão fiscalizadores para “esclarecer o que ocorreu na maternidade”.

Segundo ela, a administração municipal vai apoiar a apuração “para que possa ficar claro o que, de fato, vem ocorrendo”.

      Do: G1 PE


 

 

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