Timbaúba: Aos 23 anos, mãe solo cata papelão para criar três filhos

Crislaine Maria Ferreira das Neves, de 23 anos, é mãe solo de três filhos, um menino de seis anos, outro de três e uma menina de apenas um ano.

Ela é moradora da cidade de Timbaúba, em Pernambuco, e hoje cata papelão e vende para reciclagem para complementar os 254 reais que recebe do Bolsa Família e alimentar os filhos. Cris tem a vida difícil desde a infância.


Aos oito anos, perdeu sua mãe, grávida de oito meses, vítima de feminicídio, que morreu deixando cinco filhos pequenos – e o bebê também faleceu. Depois disso, ela foi morar com o pai, que após algum tempo foi trabalhar em São Paulo, e passou a ser criada por uma madrasta, que a maltratava muito.

Aos 15 anos, Crislaine parou de estudar, na sétima série do ensino fundamental, e foi morar com o pai do seu primeiro filho. Quando o menino completou quatro meses de vida, ela deixou o companheiro, que também a maltratava, e foi morar só. “Tive meu filho em Recife, fiquei lá só por 10 dias porque ninguém foi me buscar”, lembra.

Cris não desistiu da luta. “Tentei estudar de novo, mas meu filho não parava quieto na sala de aula, daí parei. Tenho vontade de estudar, ter uma boa profissão, comprar minha casa própria, mudar de vida”, lamenta a jovem.


Ela casou pela segunda vez e teve o segundo filho. “Também não deu certo, insisti e casei a terceira vez, tive minha menina. Hoje, não recebo pensão e vivo de 254 reais do Bolsa Família pra pagar aluguel, energia e comer”, relata.

Sustento na reciclagem de papelão

Crislaine precisou recorrer à reciclagem de papelão, ofício já exercido por sua avó de 60 anos, para ajudar no sustento dos filhos.

“Vi meus filhos precisando das coisas e eu não poder dar me dói muito. Por isso, passei a juntar reciclagem. O lucro não é muito, dá pra comprar comida, não tudo, mas já ajuda um pouco. Sexta-feira juntei uns dois sacos de papelão, deu 25 reais. Comprei mistura, ovo e mortadela, uns lanches pras crianças, três fubás, acabou o dinheiro, e assim vou levando”, conta a mãe batalhadora.


Crislaine Maria não pode contar com a ajuda da família.

“As únicas pessoas que estão sempre do meu lado são a minha avó e meu irmão mais velho, mas eles também não têm condições de me ajudar. Meu irmão está desempregado, minha avó, com 60 anos, também trabalha na reciclagem pra se manter. Meu irmão a ajuda e o que eles arrumam dividem entre si. O meu é pouco, pois não tenho como juntar muito com as crianças, aí fica só pra mim”.

 Por Leandra Vianna, para outrosquinhentos.com


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