Casados há seis anos, os funcionários públicos Márcio de Albuquerque Matias, de 36 anos, e Magaly Mathias, 38, vêm tentando ser pais, via fertilização. Anteontem, ele sentiu como se tivesse a filha tão desejada nos braços. Foi Márcio, junto com o pai, Francisco Antônio Matias, 62, que encontrou a bebê abandona por uma mulher dentro de uma bolsa, na calçada da Rua Surubim, em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Agora, ele está disposto a tentar todos os recursos possíveis na Justiça para adotar a menina.
Márcio estuda direito em Vitória do Santo Antão, na Zona da Mata, e estava na rua com o pai, a negócios, quando ouviram o choro da criança. “Na hora que a encontramos, meu pai chorava de um lado e eu do outro. Eu olhei aquela criança, exposta à própria sorte, e me senti pai. A gente tenta manter a calma, mas desaba numa situação dessa”, conta, emocionado. Apesar da vontade de ser pai, ele sabe que, por lei, teria que entregar a criança. “Imediatamente ligamos para o 190 (da Polícia Militar) e nos mandaram ir para a Delegacia de Casa Amarela, onde fomos muito bem acolhidos”.
No caminho, Márcio percebeu que a menina (aparentemente com cerca de dois meses de idade) fazia movimentos de sucção com a boca. “Saímos da delegacia para comprar mamadeira e leite, depois fomos à maternidade buscar leite materno e ao voltar para a delegacia a criança já estava amamentada pela escrivã, que teve filho há pouco tempo. Aí a felicidade estava completa”, relata. “Vou buscar jurisprudência para tentar uma forma de adoção. Foi um momento mágico, uma oportunidade que papai do céu nos deu. Não posso falar em laço afetivo, mas falo em laço espiritual”.
SEM PRIORIDADE
O conselheiro tutelar que acompanha a criança, Wellington de Araújo, também gostaria de adotar a bebê abandonada. E até a pediatra que examinou a menina, Neila Guerreiro Sabino, está na fila de espera de adoção há um ano e ficou louca por ela. Mas, segundo a juíza da Infância e Juventude Hélia Viegas, não há possibilidade de qualquer tipo de prioridade.
“Se a família não aparecer em 30 dias, ela vai ser colocada no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), não há prioridade para quem encontra”, explica a juíza. “Se um parente for localizado vamos avaliar se ele tem condições de ficar com ela”. No Estado, há 210 crianças disponíveis para adoção e 1.250 pretendentes, mas a maioria opta por crianças de até 4 anos.
Do: JC online
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