Fanfarras resistem à falta de incentivo

Cornetas e cornetões fazem a trilha sonora da vida de jovens da rede pública de ensino estadual. Os instrumentos representam o carro-chefe das fanfarras, corporações musicais quase extintas no cenário pernambucano. Hoje, cerca de 40 grupos – apenas dois na Região Metropolitana do Recife – continuam atuantes e buscam visibilidade num cenário dominado pelas bandas, que oferecem mais diversidade musical. O esforço de regentes, aliado ao interesse dos jovens, serve de combustível para a sobrevivência dos conjuntos.

De origem militar, a fanfarra é considerada a porta de entrada para as bandas musicais. “Elas dão a formação inicial aos músicos”, resume Aluízio Euclides, que desde 1982 rege a Fanfarra Maria Emília Cavalcanti (Famec), de Timbaúba, Zona da Mata. A corporação é a mais antiga em atividade no estado. Foi fundada em 1976 e tem 56 integrantes de 13 e 25 anos, alunos da Escola de Referência Jader de Andrade e moradores da cidade.

A composição de uma fanfarra inclui, além dos músicos, corpo coreográfico, mór, regente e pelotão cívico. Se diferencia das outras categorias por apresentar instrumentos lisos, ou seja, com poucos recursos. Com a aproximação de campeonatos como a Copa do Brasil, a maratona de ensaios fica mais intensa. Ridyla de Araújo, 14, chegou a trocar de escola para dar conta da agenda. Ela começou a tocar cornetão aos 12, mas trocou pelo bombardino.

No bairro Marcos Freire, em Jaboatão, a fanfarra também atraiu alunos da Escola Adelaide Pessoa Câmara. Com três anos e 42 integrantes, já coleciona premiações como o primeiro lugar no campeonato pernambucano de 2013.

A motivação veio, em grande parte, de Shirlayne Lima, 19, que procurou a gestora da escola. “Eu já tinha feito parte de uma banda e queria continuar.” É ela quem cria a coreografia da fanfarra. Mesmo com uma filha pequena, participa de todos ensaios.
Seus irmãos – Wasllon, Wildson e Kayllane – também integram o grupo, que venceu um campeonato com um pot-pourri de Luiz Gonzaga e Jorge de Altinho.

“A fanfarra é um caminho para a profissionalização”, diz Valdenilson Cunha, fundador da associação de fanfarras e coordenador de Ações Culturais da Secretaria Estadual de Educação. Mateus Augusto, 14, da Adelaide, é um exemplo. Ano que vem começa a estudar trompete no Conservatório Pernambucano.

Fundada em 1976, a Fanfarra Maria Emilia Cavalcanti, de Timbaúba, é a mais antiga do estado, com 56 integrantes de 13 e 25 anos. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press


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