Em um local onde utilizam cola de sapateiro para aliviar a fome, Maria oferece um banquete. “O cardápio nunca mudou. Levo frango, macarrão, farofa, arroz, cachorro quente, bolo, picolé e suco”, diz a senhora que, com seus 62 anos, escolhe e confecciona todos os itens por conta própria. “A única condição é que eles me entreguem a droga para que eu me livre dela”, explica.
O evento, que também conta com brincadeiras como “quebra panela” e “corrida de saco”, é apenas continuação do que Maria fazia mais jovem, quando ainda trabalhava de garçonete em um estabelecimento no mesmo pátio. “Eu distribuía sopa para as crianças que pediam por lá. Quando o dono morreu, tive que sair do restaurante, mas queria continuar ajudando os pequenos.”
Ao longo dessas quase três décadas, a olindense diz que não faltou nenhum 12 de outubro para os jovens. “Nunca parei, graças a Deus. Teve até uma vez que fiquei doente duas semanas antes do Dia das Crianças, mas no dia 11 melhorei”, conta. “Vão morrendo uns, vão chegando outros. Todo ano tem.”
A boa ação não tem intenção de ser mais do que é. “Isso não é promessa para nenhum santo, é o que realmente me faz bem. É o dia mais feliz do meu ano”, explica Maria. “Alguns comerciantes do pátio não gostam que eu faça a festa lá, ficam com medo dos meninos, mas não vão conseguir me tirar, não. Como algo tão bom pode fazer mal?”
Com ajuda das amigas ela compra os alimentos para servir na festividade, mas o orçamento é enxuto. “Quando falta dinheiro eu passo no cartão. Dessa vez, comprei R$ 180 reais de frango nele.” Uma Kombi é alugada para levar os alimentos e materiais descartáveis, além de seu filho, que a auxilia na empreitada desde quando tinha 7 anos, e algumas amigas. “Eu não consigo entregar tudo sozinha, preciso de pelo menos 5 pessoas”, afirma. Ela diz que aceita ajuda, porém apenas “se feita com o coração.”
Segundo a senhora, o projeto atende pelo menos 150 crianças e chega a 200 pessoas se contar com os moradores de rua mais velhos que aparecem. Mas ela quer mais. “Um dos meus maiores sonhos é realizar uma festa de Natal, acho uma festa tão bonita. Às vezes recebo uns brinquedos para doar, mas os bonecos vêm quebrados e não quero repassar coisa ruim para os meninos. Não daria para os meus netos, então não daria para eles.”
Para contribuir com donativos ou brinquedos para os jovens que Maria auxilia, você pode entrar em contato pelo número (81) 9 8808-9279.
Para contribuir com donativos ou brinquedos para os jovens que Maria auxilia, você pode entrar em contato pelo número (81) 9 8808-9279.
Do: Diário de Pernambuco
Coisas de Timbaúba e Região