SÃO PAULO (Reuters) – O doleiro Alberto Youssef, acusado de ser um dos operadores do suposto esquema de corrupção instalado na Petrobras, disse em depoimento dado em outubro do ano passado e divulgado nesta quinta-feira que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu era um dos destinatários de propina paga por empreiteiras por obras na estatal.
No depoimento, Youssef afirma que Julio Camargo era o operador de um esquema de corrupção na diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque, e que ajudava Camargo com suas contas no exterior a distribuir o dinheiro da propina arrecadado junto à empreiteira Camargo Correa e à Mitsui Tokyo.
Parte do dinheiro, distribuído entre 2005 e 2012, de acordo com o depoimento de Youssef, era destinado ao PT e as pessoas indicadas para recebê-lo era Dirceu, que cumpre pena por seu envolvimento no esquema do mensalão, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Youssef, que fez acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena, também afirmou em outro depoimento que Camargo, um dos 39 réus em processos ligados à operação Lava Jato na Justiça Federal, tinha relações com Dirceu e com o ex-ministro Antonio Palocci, titular da Fazenda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Segundo o doleiro, Camargo é dono de um avião que foi usado “em diversas oportunidades” por Dirceu.
O PT tem negado o recebimento de propina de empreiteiras que têm contrato com a Petrobras e reafirmado que todas as doações que recebe são legais e declaradas à Justiça Eleitoral. Na quarta-feira, o presidente do partido, Rui Falcão, disse que o PT vai processar todos aqueles que acusarem o partido sem provas e criticou a Polícia Federal por ter conduzido Vaccari à força para prestar depoimento.
O advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse na ocasião em que seu cliente foi conduzido para depoimento que o PT não tem caixa dois e que o tesoureiro está à disposição das autoridades.
A defesa de Duque, que chegou a ser preso na Lava Jato mas foi posteriormente solto, já havia negado que o ex-diretor tenha cometido qualquer ilícito na Petrobras.
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