O terrorismo internacional põe o espírito olímpico na mira e faz disparar um alerta que mobiliza autoridades no Brasil, incluindo as de Minas Gerais, que receberá partidas de futebol durante a Olimpíada e várias delegações internacionais. Ontem, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou a existência de uma ameaça ao país, que partiu do Estado Islâmico. “Brasil, vocês são nosso próximo alvo” – diz mensagem postada, em novembro do ano passado, em um perfil do Twitter de Maxime Hauchard, de 22 anos, segundo a Abin terrorista francês integrante do EI.
Segundo a agência, o diretor do Departamento de Contraterrorismo (DCT), Luiz Alberto Sallaberry, participou na quarta-feira da Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa (Laad Security), no Rio de Janeiro (RJ), onde falou para uma plateia de especialistas em segurança. Em sua apresentação sobre ameaças terroristas aos Jogos Olímpicos Rio 2016, que começam em 5 de agosto, na capital fluminense, ele contou que a Abin já havia confirmado, em novembro, a autenticidade do perfil do Twitter em que Maxime Hauchard, afirmava que o Brasil estaria na mira.
O diretor também informou que a probabilidade de o país ser alvo de terroristas foi elevada nos últimos meses, devido aos recentes eventos em países como França e Bélgica, e ao aumento do número de adesões de brasileiros à ideologia do Estado Islâmico. Sallaberry ainda citou ações executadas pela Abin para evitar possíveis ataques, como intercâmbio de informações com serviços estrangeiros, capacitação de profissionais de setores estratégicos e trabalhos com órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência, em especial com os eixos de Segurança Pública e Defesa.
Em Minas
O estado de alerta interessa diretamente às forças de segurança mineiras, já que Belo Horizonte e outros municípios do estado sediarão jogos e abrigarão delegações estrangeiras durante os jogos olímpicos. O estádio do Mineirão, na Pampulha, sediará 10 jogos de futebol, sendo seis masculinos e quatro femininos – embora a abertura ocorra em 5 de agosto, já no dia 3 haverá partidas de futebol feminino na cidade. Além disso, muitas delegações estrangeiras ficarão concentradas em BH, a exemplo da britânica de natação e canoagem, que ficará no Minas Tênis Clube. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ficarão equipes da Bélgica e Irlanda, bem como a de natação da Sérvia, enquanto Juiz de Fora, na Zona da Mata, receberá equipe de atletismo da China e parte da delegação do Canadá. Já em Lagoa Santa, na região metropolitana da capital, vai treinar a equipe de canoagem do Brasil.
O chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar (PM), capitão Flávio Santiago, destaca que a experiência adquirida durante a Copa do Mundo tem servido de base para traçar as ações policiais visando às olimpíadas. Ele não descarta a possibilidade de ataque terrorista. “A PM está trabalhando no planejamento de policiamento ostensivo, segurança das rodovias, entre outros. Estamos em contato com outras organizações, entidades estaduais e federais, para garantir que o evento transcorra com tranquilidade. Já temos a expertise da Copa do Mundo, em que houve demandas semelhantes. Acreditamos que essa expertise seja de fundamental importância para eventos da magnitude das olimpíadas”, ressaltou o capitão.
O comando da 4ª Região Militar do Exército realizou no mês passado fiscalização de explosivos e produtos correlatos, como parte dos preparativos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos – Rio 2016. Também houve palestras sobre terrorismo destinada aos militares do 12º Batalhão de Infantaria, que fica no Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que coordena um comitês de segurança visando aos jogos olímpicos, não se manifestou sobre o assunto.
Agressividade
A frase “Brasil, vocês são nosso próximo alvo. Podemos atacar esse país de m…” foi postada uma semana depois dos atentados coordenados na França, que deixaram 129 mortos e dezenas de feridos. A conta na rede social do terrorista já foi suspensa. Segundo o diretor de Contraterrorismo da Abin Luiz Alberto Sallaberry, “a partir do momento da postagem, houve maior intensidade nos discursos de agressividade dos autoproclamados seguidores desse grupo terrorista no Brasil”.
Segundo o diretor da Abin, órgão vinculado à Secretaria de Governo da Presidência da República, “Maxime é uma espécie de garoto-propaganda do Estado Islâmico. Saiu de um vilarejo no interior da França para a Síria, aos 18 anos, onde se integrou ao terrorismo. É o segundo na linha de comando de decapitadores e gosta de dizer que estar no grupo ‘é como estar no Éden’”. Maxime aparece em vídeos do Estado Islâmico decapitando sírios.
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