A estação ferroviária de Pureza servia a um pequeno povoado e também a usina Cruangi, que embarcava suas cargas para o Recife nos trens da RFFSA e posteriormente nos trens da TLSA, o que deixou de ocorrer, segundo um trabalhador da própria usina, duas locomotivas que utilizava na sua malha. A estação de Pureza possui longo pátio com duas linhas principais e mais três por trás do prédio, onde ficavam estacionados vagões com cargas da usina. Além do prédio, infelizmente abandonado, há também a estrutura da antiga caixa d’água. Uma das extremidades do pátio fica próximo ao uma ponte de ferro bem conservada.
“Pureza” foi o romance do grande escritor que alterou o rumo que ele vinha perseguindo até então. Não se trata de uma obra secundária como querem alguns, até então José Lins vinha seguindo uma linha costumbrista desde “Menino de Engenho” . Pureza escrito em 1937, é o primeiro romance introspectivo de José Lins do Rego e parece que a grande mola propulsora do romance é a doença ou neurose ( no caso a tuberculose). O romance leva o nome da estação ferroviária da antiga “Great Wester” e existente até hoje, a estação Pureza de Timbaúba. Talvez com esta mudança de rumo literário José Lins tenha feito uma expirencia ou melhor “Afinado seus instrumentos” para depois realizar a sua obra prima que é sem dúvida o romance”Fogo Morto “.
O pátio de Pureza e sua tranquilidade, lamentavelmente abandonos ficam para trás e nossa viagem continua agora se aproximando de Timbaúba. Neste trecho da linha há muitas curvas e também percebemos atos de vandalismo ao patrimônio ferroviário, com alguns dormentes queimados.
Após cruzar canaviais e belos trechos de mata, os trilhos alcançam Timbaúba, e que também mostra o quanto era importante na Linha Norte. Seu pátio ferroviário é enorme, ficando bem ao centro da cidade e contando com quatro linhas, estrutura para carregamento de vagões com grãos, caixa d’água, garagens para auto de linha, casa do chefe, além do prédio principal e de uma plataforma secundária. É este o último grande pátio da linha antes de cruzar o limite entre Pernambuco e a Paraíba.
O prédio da estação ferroviária de Timbaúba está razoavelmente preservado e, a exemplo, de Carpina, a utilização do mesmo como moradia é o que o mantém preservado. Agora, a mesma ação desenvolvida para a estação de Paudalho, citada na parte anterior desta matéria, está para ser desenvolvida em Timbaúba, com a revitalização do prédio por meio do projeto de criação dos arquivos públicos municipais, uma iniciativa do Arquivo Público Estadual em parceria com o IPHAN-PE e as prefeituras. No entanto, mais um importante pátio fica no aguardo das composições de carga que por ele transitaram até pouco tempo atrás.
Nossa viagem pela Linha Norte de Pernambuco se aproxima do fim. A próxima parada agora, logo após Timbaúba, é a pequena e arruinada estação ferroviária de Rosa e Silva. Esta fica bem próxima à divisa entre Pernambuco e a Paraíba. Serviu também como estação de apoio à TLSA anos atrás, porém, conforme relato do site “Estações Ferroviárias do Brasil”, um incêndio no prédio fez com que o mesmo fosse abandonado e deixado de lado. Hoje, as paredes e a estrutura de sustentação da cobertura da plataforma resistem à ação do tempo, em meio ao mato.
A pequena estação da Great Western parece ter seu destino decretado: o abandono e a destruição.
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