Foi condenado a 21 anos e quatro meses de prisão em regime fechado o representante farmacêutico Guilherme José de Lira Santos, pelo feminicídio da ex-esposa Patrícia Cristina Araújo dos Santos, no Recife, em novembro de 2018.
O júri popular aceitou a tese da acusação de que Guilherme José provocou um acidente de carro, acelerando o veículo em que ele e a ex-esposa estavam contra uma árvore, no bairro da Boa Vista, no Recife, porque não aceitava o fim do relacionamento com a engenheira Patrícia.
Ele foi considerado culpado por homicídio qualificado, por motivo fútil, utilizando recursos que impossibilitaram a defesa da ex-esposa. Feminicídio é um crime tipificado, quando a mulher é morta por uma questão de gênero.
Durante o julgamento, a defesa do réu argumentou que não houve intenção de matar a vítima, alegando que a batida foi um acidente de trânsito, o que tornaria o caso um homicídio culposo (sem intenção de matar).
A juíza Fernanda Moura de Carvalho leu a sentença no início da noite de sexta.
Guilherme Santos cumprirá a pena no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Ainda cabe recurso da sentença.
O julgamento
O juri popular começou na segunda (10) e terminou na sexta (14), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, no centro do Recife.
Por causa da grande quantidade de pessoas convocadas para prestar depoimento, o julgamento se estendeu por cinco dias.
No primeiro dia, parentes e amigos de Patrícia foram para o fórum pedir justiça. Eles levaram faixas e cartazes (veja vídeo acima). Foram tomados depoimentos de cinco testemunhas de acusação.
Na terça (11) de manhã, prestou depoimento a deputada estadual Dani Portela (PSOL). Ela era amiga de Patrícia e foi chamada pela acusação. Em seguida, houve a convocação de cinco testemunhas de defesa e de dois informantes.
Na quarta (12), foram ouvidas testemunhas de defesa. Entre elas, o filho do casal, hoje com 18 anos. Na quinta (13), foram ouvidos quatro peritos que atuaram no caso. Em seguida, o réu começou a prestar depoimento, encerrando o quarto dia de sessão.
Os trabalhos foram retomados na sexta, com o depoimento de Guilherme Lira. No fim da manhã, ele passou mal e o julgamento teve que ser suspenso. À tarde, a sessão foi retomada com a etapa de debates entre acusação e defesa.
Os jurados se reuniram para decidir sobre o veredicto no final da tarde e a sentença foi lida pela juiza Fernanda Moura de Carvalho no início da noite.
Adiamento
Inicialmente, o júri estava marcado para 20 de março, mas foi remarcado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
Guilherme está preso desde o dia 15 de março, quando a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão preventiva expedido pelo TJPE.
Ele tinha sido preso pela primeira vez em 2019, logo após o crime, mas teve relaxamento de prisão e foi solto. Desde então, respondia em liberdade, usando tornozeleira eletrônica.
Relembre o caso
A colisão aconteceu na Rua João Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, no dia 5 de novembro de 2018.
Segundo a acusação, ele provocou a batida porque não aceitava o fim do relacionamento com a engenheira Patrícia Araújo dos Santos.
De acordo com a Polícia Civil, foi comprovado durante a perícia que o acusado acelerou o carro e jogou o veículo em direção a uma árvore, sem ter acionado os freios. Patrícia morreu no local.
Além de feminicídio, Guilherme também respondia por homicídio qualificado por motivo fútil mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
G1PE