Duas pesquisas recentemente concluídas por equipes dos campi de Araraquara e São José do Rio Preto apontam para os riscos da liberação, pelas chamas que atingem os canaviais, de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – os HPAs.
Investigações internacionais comprovaram que 16 variedades dessas substâncias têm um comprovado potencial mutagênico, ou seja, provocam mutações genéticas que podem levar ao aparecimento de câncer.
Um trabalho coordenado pela docente do Instituto de Química (IQ) da UNESP, campus de Araraquara, Mary Rosa Marchi detectou um grande volume desses hidrocarbonetos em amostras de poeira em suspensão no ar do município, no período das queimadas. No estudo que realizou para sua tese de doutorado, recentemente defendida no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto, Rosa Maria do Valle Bosso constatou quantidades alarmantes de HPAs na urina de cortadores de cana.
No caso do grupo de Mary, as substâncias foram detectadas por um equipamento apropriado para a coleta de partículas inaláveis com diâmetro menor do que 10 mícrons (unidade de medida que equivale à milionésima parte do metro). O sistema foi instalado a uma altura de cerca de 7 m do solo, no terreno do IQ, situado a aproximadamente 5 km dos canaviais e a 10 km do centro da cidade. Foram colhidas 40 amostras durante duas safras de cana-de-açúcar do período maio-novembro e duas entressafras, entre dezembro e abril, abrangendo os anos de 2002 a 2004.