Pernambuco perdeu 16 hectares de cobertura florestal nos últimos dois anos, ou seja, o mesmo quantitativo em campos de futebol (cada campo equivale a 1 hectare). No ranking das cidades que mais desmataram, o destaque negativo ficou para o município de Riacho das Almas, no Agreste pernambucano. Só essa cidade suprimiu 8 hectares da sua cobertura vegetal. Em seguida, as cidades de Timbaúba, na Mata Norte, e Brejão, no Agreste, registraram, cada uma, a eliminação de 4 hectares de vegetação natural.
É o que apontam os dados do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, divulgado, nessa quarta-feira (13), pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo traz o levantamento mais recente sobre a situação do desmatamento em 3,4 mil cidades do País, referente aos anos de 2015 e 2016.
A principal explicação para o cenário é que, segundo a SOS Mata Atlântica, a região onde estão inseridos os municípios tem suas atividades econômicas baseadas na agricultura e na pecuária. O plantio de monoculturas e o desmatamento para a implantação de pastos propiciam a abertura de clareiras em meio às florestas, contribuindo para o processo de desertificação.
De acordo com a SOS Mata Atlântica, a área original de Mata Atlântica em Pernambuco era de 1,6 milhão de hectares. Atualmente, existem apenas 197 mil hectares.
Como constantemente apontado pelo diretor-presidente do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), Severino Ribeiro, essa celeridade no desmatamento reflete na falta da implantação de uma agenda ambiental nos municípios, salientando que não se trata de uma questão pontual.
“O que falta mesmo é uma gestão municipal que efetive planos de manejo e projetos de conservação e recuperação de remanescentes. A maioria das cidades que desmatam está inserida no Agreste, região onde há uma maior concentração de remanescentes florestais, como os brejos de altitude. Esse diferencial requer uma atenção maior das autoridades”, ressalta.
Do: Folha PE / Foto: Ilustração