Orquestra e Escola de Frevo de Aliança, se preparam para comemorar 130 anos

A chegada de 2018 está sendo muito especial para Sociedade Musical 15 de Novembro, localizada no distrito de Upatininga, em Aliança, na Mata Norte, distante a 93 km do Recife. É que este ano, a instituição que atua na formação musical continuada de crianças, adolescentes e jovens, filhos de agricultores rurais da região do interior de Pernambuco, comemora 130 anos, de tradição e musicalidade.
Instituída em 15 de novembro de 1888 – ano em que se findou o período da escravidão no Brasil – a Sociedade Musical 15 de Novembro tem uma importante relação com o protagonismo cultural das famílias que compõem o pequeno distrito rural de Upatininga – localidade criada no século XIX, por escravos remanescentes do período das Capitanias hereditárias
          É nesta pequena localidade rural,  de pouco mais de 5 mil habitantes, que fica distante a 10 km da cidade de Aliança,  que nasceu uma das instituições musicais mais imponentes da história da cultura popular de Pernambuco: a centenária Orquestra de Frevo Zezé Correia – que atende atualmente – cerca de 50 pessoas -; sendo boa parte delas, músicos da própria orquestra e os demais, estudantes da Escola de Frevo Zezé Corrêa. A ação é um trabalho pioneiro na Zona da Mata.
 O público atendido no local é oriundo de famílias que trabalham com a lavoura, agricultura e o corte da cana de açúcar – principal atividade que move a economia da cidade e região. Semanalmente, meninos e meninas, dos 13 a 26 anos, moradores de Upatininga e redondeza, participam das atividades de das aulas de iniciação e aperfeiçoamento musical, voltadas para música carnavalesca. Nesses 130 anos de trajetória da instituição, esta já é a terceira geração de pequenos músicos.
Divididos entre as atividades escolares e a escola de música, os alunos têm a responsável missão de aprender vários clássicos da música pernambucana, para fazerem bonito nos palcos e eventos públicos. Alguns deles, que residem em áreas mais distantes e com baixo poder econômico, chegam a receber ajuda financeira, mensalmente, como forma de garantir que eles não faltem às aulas, que são ofertadas gratuitamente.
            Em paralelo ao trabalho de formação musical, a instituição também se propôs a ofertar, há pouco mais de dois anos, aulas de dança frevo para cerca de 40 crianças e adolescentes, dos 8 aos 15 anos, da mesma comunidade. A Escola de Frevo Zezé Corrêa, tem atraído uma garotada que busca, por meio das dificuldades vivenciadas do dia a dia  da comunidade e rural e da realidade trazida de casa, dá uma nova perspectiva para vida, aprendendo, na prática, aulas de como dançar um bom Frevo na ponta do pé.
            Graças à iniciativa, meninos e meninas têm a possibilidade de se envolver com a arte e sonhar com um futuro melhor para suas vidas.  Alguns dos jovens atendidos pelo projeto, inclusive, inscritos no projeto, prestaram o vestibular para Universidade Federal de Pernambuco (UF PE), para o ensino da música, e acabaram conquistando a tão sonhada vaga.  Um deles, inclusive, também chegou a receber convite para estrear nos palcos com a coreógrafa brasileira, conhecida por seus balés aclamados pela crítica, nacional e internacional, Deborah Colker.
              Todo esse trabalho proporcionado ao público atendido traz o importante desafio neste ano: emocionar o público durante todo o Carnaval, em várias cidades do Estado. Tanto o grupo de músicos como os de passistas mirins, já está se organizando com os ensaios e figurino para fazer bonito na folia de momo deste ano, com toda alegria e entusiasmo. Um total de seis voluntários – ex-alunos do projeto – se revezam para repassar aos alunos, os conhecimentos sobre iniciação, prática instrumental e Dança. Os encontros acontecem quatro vezes por semana. É uma verdadeira maratona de estudos.
                Anualmente, o projeto oferta cerca de 40 vagas para formação de novas turmas. Todas as atividades de formação e manutenção dos instrumentos para realização dos trabalhos é oriundo de recursos captados em editais públicos e privados, que são elaborados por uma equipe de pedagogos que estão à frente dos trabalhos de formação das crianças e dos jovens.


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