Cinco pessoas de uma mesma família com suspeita de sarampo no Recife

Essa segunda-feira (6) começou com grande demanda pela vacinação tríplice viral – que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola-, e das doses contra a poliomielite. A semana de abertura da Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo e a pólio no público infantil (de 1 a menores de 5 anos) ganhou ainda mais visibilidade da população em Pernambucodepois que o número de notificações e de casos prováveis do sarampo aumentaram. Pernambuco computava até a semana epidemiológica 30 (de janeiro até 28 de julho) 63 notificações, com 45 descartes e 18 ainda estão em investigação.

No Recife, por exemplo, já foram reportadas 26 pessoas com quadro suspeito da doença até ontem. Dezesseis foram descartados, mas dez casos prováveis estão aguardando resultados laboratoriais para confirmar o vírus. Entre esses, estão cinco pessoas da mesma família, moradores de Boa Viagem. Com o risco de propagação do sarampo na Zona Sul, a Secretaria de Saúde da capital pernambucana fez uma grande ação de bloqueio na área, com a busca ativa de mais de 220 pessoas que tiveram algum contato com a família e imunizou 73 indivíduos na região.

“Não importa se vai chorar ou não com a picada, tem que trazer para ficar imune. Vim logo para garantir porque eu não sei se vai ter (vacina) até o final do mês estoque”, disse a profissional do mercado financeiro Taís Dantas, 26 anos, mãe de Gustavo Dantas, 3 anos. O marinheiro Uididu Barbosa, 47 anos, também foi cedo em busca da vacinação para Laura Beatriz, 1 ano. “Viemos logo para dar continuidade na vacina. Aproveitei hoje (ontem) que estou disponível para concluir a rotina de imunização. Temos que prevenir”, contou. Os dois foram muitos dos pais que comparecerem à Policlínica Lessa de Andrade, na Madalena, em busca da imunização. Apenas pela manhã já haviam sido aplicadas 42 doses da tríplice viral no Lessa de Andrade.


Na Upinha Hélio Mendonça, no Córrego do Jenipapo, local escolhido pela prefeitura para o lançamento oficial da campanha, a busca também foi grande. “Fiquei bastante assustada. Vou aproveitar a campanha também para regularizar a caderneta, que está atrasada. Diante desse surto que está acontecendo é preocupante. Tentamos sempre por em dia, mas às vezes, com a correria, acaba passando batido”, comentou teleatendente, Ariadne Lacerda, 26, mãe de Benicio, 1 ano e 4 meses, e de Bernardo, 4. 

O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, aproveitou o momento para alertar a população sobre cuidados com as noticias falsas (fake news) relacionadas à imunização. “Apelamos para que as pessoas recorram às fontes oficiais para se proteger e sua família. As vacinas são uma das estratégias de promoção de saúde mais eficazes e mais seguras. Quem conversar com pessoas mais velhas sobre casos de mortes ou sequelas de poliomielite vai lembrar o risco e flagelo trazidos por essa doença. Como não vemos casos de sarampo, não veem crianças internadas na UTI por causa do vírus e parece uma doença que não causa coisas mais graves. A gente sabe que causa, sim”, destacou.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Recife, Elizabeth Azoubel, enfatizou que as crianças de 1 a 4 anos, 11 meses e 29 dias são o público alvo da campanha de forma irrestrita. “Mesmo que já tenham sido vacinadas anteriormente e estejam com o calendário completo, porque estamos com cobertura muito baixa. Estamos ainda sob ameaça de surto de sarampo e que este vírus seja reintroduzido no Brasil”, completou. A coordenadora do PNI Estadual, Ana Catarina de Melo, demonstrou preocupação sobre o estoque da tríplice viral (que protege contra o sarampo) se houver uma corrida de pessoas de faixa etária ampliada aos postos. “Se houver uma aplicação indevida e começar muitas pessoas a buscarem sem necessidade a vacina pode faltar”, alertou.

Catarina contou que já vem recebendo relatos de uma alta demanda de adultos e adolescentes no Interior em busca de doses, chegando inclusive a mentir sobre a situação vacinal. “Como o envio (das doses pelo Ministério da Saúde) é por critério populacional, se o uso foi inapropriado podemos ficar sem”, reforçou. Pelo esquema regular, a tríplice viral deve ser administrada nas crianças aos 12 meses e aos 15 meses de vida. Para crianças acima de 2 anos e jovens e adultos até os 29 anos, não vacinados anteriormente ou que não se lembram, devem ser feitas duas doses da tríplice viral, com intervalo de 30 dias entre elas. Adultos entre 30 e 49 anos (não imunizados ou que não lembram) devem tomar uma dose da tríplice.


   Do: Folha PE / Foto Ilustração

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