RENATA MONTEIRO
Com o objetivo de viabilizar a conclusão de grandes obras em Pernambuco e aumentar a representatividade nordestina junto ao governo federal, os Poderes Executivo e Legislativo do Estado realizaram, nos últimos dias, movimentos no sentido de aproximar do presidente Jair Bolsonaro (PSL) as demandas da região. Na última segunda-feira (7), o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou a solicitação de uma audiência em Brasília com o militar reformado para tentar conseguir recursos para finalizar obras como a ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco. O deputado federal Danilo Cabral (PSB), por sua vez, disse que tem coletado assinaturas para a formação de uma Frente Parlamentar em Defesa do Nordeste no Congresso Nacional.
Pela manhã, durante entrevista a um telejornal da Rede Globo, Paulo disse esperar que a reunião com Bolsonaro ocorra ainda no mês de janeiro.“Eu quero ter condições ainda no mês de janeiro, se for possível, de discutir nosso Estado, nossos projetos, o que a gente precisa do governo federal e o que o governo federal pode precisar de Pernambuco para ajudar o Brasil a crescer novamente. A eleição passou, acabou”, declarou o governador, que é vice-presidente nacional do PSB, partido que faz parte, junto com PDT e PCdoB, de um bloco de oposição ao presidente na Câmara Federal.
Desde que tomou posse, em 2015, Paulo é oposição ao governo federal. No início do mandato, o governador não apoiava a presidente Dilma Rousseff (PT), após o impeachment, não esteve ao lado de Michel Temer (MDB) e, durante a campanha de 2018, apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência.
Durante a tarde, através de nota, a Secretaria de Imprensa estadual afirmou que o governador também trataria com o presidente sobre “a situação da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco)”. No dia 2 de janeiro, pouco após tomar posse como ministro de Minas e energia, o almirante Bento Albuquerque confirmou que Bolsonaro daria continuidade ao processo de privatização da Eletrobrás, empresa a qual a Chesf está vinculada.
Na última semana, em entrevista ao SBT, apesar de sinalizar que deseja dialogar com os governadores do Nordeste, o presidente comentou que “ficou sabendo” que alguns dos gestores estaduais não colocarão a foto dele em seus gabinetes. “Aí se for verdade, neste caso, espero que não venham pedir nada para mim”, disse, na ocasião.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Chesf, o deputado federal Danilo Cabral demonstrou preocupação com a declaração e com a ausência de nordestinos no governo Bolsonaro e disse que já está se articulando para ampliar o diálogo da União com a região, que possui 151 deputados federais e 27 senadores. “Pela primeira vez na história nós não temos nenhum representante do Norte e do Nordeste no governo federal. Já que isso ocorreu e que o modo como o presidente dialoga com o Congresso é através das frentes parlamentares, não pelos partidos, estou articulando a formação de um grupo que atuará na defesa dos interesses do Nordeste”, cravou o parlamentar.
REGRAS
De acordo com o regimento interno da Câmara dos Deputados, a formação de uma frente parlamentar depende da assinatura de 198 deputados. Segundo Danilo Cabral, como cerca de 50% dos federais da atual legislatura não foram reeleitos, será necessário aguardar a posse dos novos parlamentares em fevereiro para concluir as adesões.
“Ele (Bolsonaro) é presidente de todos os brasileiros e tem que responder por todos, sobretudo por aqueles que estão em situação de vulnerabilidade, pois cabe ao governo central induzir políticas de redução das desigualdades. Em função disso, estou propondo essa nova frente parlamentar ”, declarou Danilo, informando que também pretende relançar a frente em defesa da Chesf ainda neste ano.
Do: JConline
Coisas de Timbaúba e Região