O jovem que morreu atropelado por um ônibus após cair da garupa de uma motocicleta de aplicativo na Avenida 13 de Maio, no Bairro Benfica, em Fortaleza, havia pedido ao condutor para descer do veículo momentos antes do acidente, porém teve a solicitação ignorada.
A informação consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), na última quarta-feira (30), contra o motociclista Wenderson Jhemerson Silva Muniz, de 31 anos, que levava a vítima. O Tribunal de Justiça informou que juízo da 2ª Vara do Júri recebeu a denúncia nesta terça-feira (5).
Como aconteceu o acidente, segundo o Ministério Público:
- Em 27 de setembro, o universitário João Victor Fontenele Eloia, de 21 anos, solicitou uma corrida pelo aplicativo 99Pop para ir ao trabalho, que foi aceita por Wenderson.
- No trajeto, o condutor passou a trafegar em alta velocidade e chegou a encostar levemente no guidão de outra moto na Rua Marechal Deodoro.
- Após a batida, houve discussão entre os motociclistas em meio ao trânsito. O condutor que levava o universitário agrediu o outro homem com um “tapa no peito” e “dedo na cara”, “falando muito alto”.
- O semáforo abriu e, mesmo com João Victor na garupa, Wenderson perseguiu o outro motociclista para continuar discussão.
- Durante a perseguição, Wenderson avançou um semáforo vermelho e fez uma curva fechada no cruzamento das ruas Rua Marechal Deodoro com a Avenida 13 de Maio, momento que João Victor caiu na pista e foi atropelado por um ônibus que trafegava na 13 de Maio. O universitário chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Homicídio doloso
O Ministério Público denunciou Wenderson por homicídio doloso duplamente qualificado pelo motivo fútil e pela circunstância ter gerado perigo comum, além de deixar de prestar imediato socorro à vítima.
“Pelo que se constata da dinâmica acima narrada, o réu, agindo por motivo fútil, em razão de pretender continuar uma discussão banal de trânsito com um motociclista ainda não identificado, agiu em desprezo pela vida da vítima, seu cliente/garupeiro, tendo assumido o risco de produzir o resultado morte ao trafegar em alta velocidade, discutindo com outro motociclista, tendo, inclusive, avançado sinal vermelho”, disse o Ministério Público.
“Não bastasse isso, o réu agiu de modo a gerar perigo comum na medida em que perseguiu outro motociclista e avançou sinal vermelho em via pública movimentada, em horário de pico, de modo que sua conduta claramente poderia ter dado causa a outras colisões, lesões e/ou mortes”, acrescentou o órgão.
Também foi solicitada, com urgência, a suspensão da permissão ou da habilitação do motociclista pelo prazo inicial de seis meses.
“Tais fatos demonstram que o réu não possui condições para continuar conduzindo automotor, de modo que o Ministério Público requer seja decretada, cautelarmente, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor”, afirmou o órgão.
Em caso de condenação, o MPCE também requereu que Wenderson pague uma indenização no valor de R$ 40.500 aos familiares do universitário.