A três dias das eleições municipais, a cidade de Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco, foi palco de mais um episódio de violência. Na noite da última quarta-feira (2), o ex-prefeito Miguel Barbosa e seu motorista, Guilherme Santos, foram sequestrados e agredidos por homens armados enquanto trafegavam pela zona rural do município. As vítimas foram abandonadas em uma estrada, seminuas, após serem brutalmente espancadas.
Após o ataque, Miguel e Guilherme caminharam até a fazenda da prefeita de Surubim, Ana Célia (PSB), onde receberam ajuda e foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Surubim. Posteriormente, foram transferidos para o Hospital Regional de Caruaru, onde seguem em recuperação.
A Polícia Civil de Pernambuco iniciou as investigações, que até o momento tratam o caso como roubo seguido de ameaça, descartando, inicialmente, uma motivação política. “Um inquérito policial foi instaurado para apurar os fatos, identificar a autoria e motivação do crime. As investigações seguem em andamento”, afirmou a corporação em nota oficial.
Miguel Barbosa governou Bom Jardim entre 2013 e 2016 e é esposo de Vânia de Miguel, atual vice-prefeita e candidata à Prefeitura pela coligação Unidos por um Bom Jardim, que concorre contra o atual prefeito João Francisco, conhecido como Janjão (UB), que busca a reeleição. O sequestro, ocorrido a poucos dias do pleito, levantou suspeitas de que poderia ter ligações com o acirramento político, embora essa hipótese ainda não tenha sido confirmada pelas autoridades.
Airton Barbosa, irmão do ex-prefeito, afirmou que está acompanhando a recuperação de Miguel em Caruaru e aguarda respostas sobre os responsáveis pelo crime. Segundo Airton, os agressores teriam feito insinuações durante o sequestro. “Disseram para Miguel: ‘Você sabe o motivo disso, sabe o que é, né?’”, relatou. Além disso, uma terceira pessoa, aliada de Miguel, também teria sido alvo de tentativa de sequestro na mesma noite, mas conseguiu fugir.
A coligação liderada por Vânia de Miguel emitiu uma nota de repúdio, classificando o ataque como um “ato covarde” que atinge não apenas as famílias das vítimas, mas toda a comunidade de Bom Jardim. “Pedimos a todos que se unam nesse momento difícil. Que a força e a fé prevaleçam sobre essa dor e que a justiça seja feita”, dizia o comunicado.
O caso permanece sob investigação, e a população aguarda esclarecimentos enquanto a tensão política na região aumenta com a proximidade das eleições.