Na manhã do dia 5 de julho de 2023 quando policiais estavam cumprindo mandados de busca e apreensão em uma residência na rua Azarias Gadelha, no bairro José Lins do Rêgo (Casas Populares), na cidade de Sousa, Sertão paraibano, a dona de casa Maria Auxiliadora Barbosa, de 59 anos, não imaginaria que acidentalmente também iria acontecer algo que mudaria sua vida.
É que durante a ação policial numa residência vizinha a dela, no momento em que as forças de segurança utilizavam um drone para localizar alvos da operação, visualizaram, no quintal de dona Maria Auxiliadora, o papagaio de estimação que ela criava há quatro anos. Como se sabe, criar animal silvestre como pet sem licença dos órgãos ambientais é crime previsto no artigo 29 da Lei 9.605/1998.
Ao ser questionada pela polícia, Auxiliadora confirmou que o papagaio era de sua propriedade, porém apesar de garantir que cuidava bem do animal e que o bicho não vivia em cativeiro, dona Maria teve que ser conduzida para a Delegacia de Sousa para as medicas cabíveis.
Em entrevista à TV Diário do Sertão, a dona de casa disse que “adotou” o animal desde o encontrou no quintal de sua casa. Emocionada, ela explica que o papagaio se chama Pedro porque foi encontrado no dia de São Pedro. Como o bichinho era tratado igualmente a um membro da família, ele até aprendeu a chamá-la de vó.
O papagaio Pedro foi apreendido pela polícia e encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil de Sousa. No mesmo dia, foi entregue pela Polícia Civil à Polícia Ambiental em Patos. Até hoje, nunca mais a família teve notícia de Pedro.
“Nesse dia, para mim, desabou tudo, porque a gente se apega e quer um bem tão grande. Eu chorei muito. Até hoje sinto. E eu queria tanto ver ele. Eu penso que onde ele está hoje, ele ficou triste e me chamou de vó”, diz Dona Maria.
Apesar da multa de R$ 5 mil, dona Maria Auxiliadora não desiste de reencontrar o papagaio. Com ajuda do advogado João Estrela, ela tenta ter de volta o bicho e se livrar da pena.
“Ela nos procurou e assegura, com a palavra de uma pessoa de bem como ela é, que ela jamais apreendeu o papagaio Pedrinho. Ela não preenche os requisitos que a lei exige para apreensão de animais. Pelo relato dela e pelas provas que nós pretendemos produzir em juízo, acreditamos que haja uma possibilidade da Justiça mandar que o IBAMA devolva o Pedrinho”, afirmou o advogado.
A reportagem do DS tentou contato por diversas vezes com a Polícia Ambiental, mas as ligações não foram atendidas. Embora não saiba se o papagaio Pedro ainda está sob os cuidados da polícia, se está do IBAMA ou livre na natureza, a dona de casa não esquece o seu antigo amigo.
“Eu cuidava dele tão bem, todo mundo sabe aqui. E isso deixa um vazio na gente, porque é mesmo que um filho. De lá pra cá, foi uma negação da minha vida”, lamenta a dona de casa.