A Instituição de Caridade Lar Paulo de Tarso (ICLPT), abrigo do Recife que foi alvo de incêndio na madrugada desta sexta-feira (14), tinha apenas uma saída, segundo a equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) que atuou no salvamento.
O sargento Willams Lins afirmou que uma perícia técnica ainda é necessária para determinar se a estrutura da unidade estava condizente com as normas e que essa investigação já foi iniciada. Mas, “à primeira vista”, disse ter achado “um local pequeno, muito fechado e com apenas uma saída”.
Ao todo, quatro pessoas morreram no incidente – duas delas faleceram ainda no local do incêndio, a cuidadora Margareth José da Silva, de 62 anos, e um menino de 8 anos. Quinze pessoas foram socorridas, mas duas crianças morreram a caminho do HR.
O abrigo foi fundado há quase 32 anos, em 27 de maio de 1991, mas funcionava há cerca de 3 anos na Rua Jerônimo Heráclio, Ipsep, na Zona Sul do Recife. Ele acolhe crianças de 2 a 11 anos que foram vítimas de violência ou viviam em vulnerabilidade.
Elas eram encaminhadas ao local pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que alegou que a administração das casas de acolhimento é de responsabilidade direta do município ou de ONGs, que recebem recursos das respectivas prefeituras.
Ainda, que cabe ao TJPE, junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), fazer fiscalizações periódicas e tomar providências cabíveis caso alguma irregularidade seja constatada. Contudo, alegou que os laudos sanitário, dos Bombeiros e o alvará de funcionamento do Lar Paulo de Tarso estavam todos em dia.
Quando a equipe do sargento Lins chegou ao local, vizinhos já estavam fazendo o socorro das crianças. O profissional se emocionou ao comentar o cenário que encontrou: “várias crianças deitadas no meio da rua tentando respirar e sem conseguir”.
“Sou bombeiro há 16 anos, tenho um preparo técnico e psicológico para isso, mas como ser humano é impossível não se abalar. São vidas, mas sobretudo são crianças. Então abala muito. A criança que eu socorri tem a mesma idade que a minha menor”, disse.
O eletrotécnico Arthur Fagner foi o primeiro a chegar no local. Ele foi acordado pela esposa no meio da madrugada, que ouviu um barulho vindo da rua. Ao chegar na varanda, viu que o abrigo estava pegando fogo e desceu para ajudar.
“Deparei-me com uma criança na janela, que era gradeada, pedindo socorro. Peguei uma extensão e uma máquina para serrá-la. Enquanto isso, outros moradores foram se juntando para tentar ajudar. Conseguimos resgatar uma boa quantidade de crianças até os bombeiros chegarem”, disse o morador.
Incêndio
A cuidadora Margareth José da Silva, de 62 anos, e um menino de 8 anos morreram no local no incidente. Outras duas crianças morreram a caminho do Hospital da Restauração (HR).
No Hospital da Restauração (HR), para onde foram conduzidas oito crianças, há sete entubadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em estado grave. Uma está no setor de queimados, sem risco de morte.
Já o Hospital Geral de Areias recebeu quatro crianças e um adulto. Todos os pacientes estão estáveis e sendo avaliados pela equipe multidisciplinar.